de distância aproximada:
vivemos em estado
de suspensão
a respiração ofegante
está cada vez
mais perto
qualquer dia desses
a qualquer hora agora
quase perdi o fôlego
nessas 73 páginas
e na última
chegamos ao fim
como se (partidos)
ao meio
no entanto a surpresa
do verbo começar
e o que nos resta
daqui pra frente
é “continuar,
e continuamos”.
Bianca Ziegler
QUASE
Isabela Bosi
1ª edição, 2019
"Talvez nos encontremos de novo, mas ali onde você me deixou não me achará novamente". A epígrafe do livro de Isabela Bosi já nos aponta o caminho que se desdobrará nas páginas seguintes.
A autora desenha um universo de memórias, intenções e pensamentos de personagens difusos, sem nome, habitantes de um mundo em guerra, onde a humanidade é algo que resta como última esperança, quase nada.
O livro, escrito entre 2016 e 2017, é também a narrativa de uma angústia diante das incertezas de um futuro que prevê um passado que não passou, um retorno ao horror de guerras que vivemos há não muito tempo — e mais: que nunca deixamos de viver.
Com uma escrita que corre num fôlego só — prender a respiração é também uma forma de evitar a dor —, Quase é um livro-lembrete, que nos indaga: queremos viver isto novamente? Ou mesmo: o que faz a guerra com o homem?