LA LA LOVY
Brenfa
Notas, regionalismos
e estrangeirismos
Her:
"Ela", 2013 - Filme de Romance/Ficção científica
O tempo [...] dessa maneira:
Trecho de Time Moves Slow (feat. Sam Herring) -
Badbadnotgood Badbadnotgood:
Jazz cabelo sujo e berma
Tinder:
Aplicativo de web-flerte
Corre:
mercado livre
de embalagem e impostos
Lindas flores da primavera:
A parte que fuma da planta é a flor
Boldinho:
Especiaria carioca
Carinha de nojinho:
Lindo de horrível
Like: Jóia (y)
Match:
Quando dois querem
Anjo de Niterói:
Lindo de horrível de habitat em Niterói
Zapi:
O aplicativo whats
Jazz cabelo sujo e berma:
Estilo musical acatado por bandas como: Mahmed, Yellow days, Glue Trip, Mac DeMarco, Homeshake, Badbadnotgood e+
Setlist:
Lista de música com curadoria severa
Só roque:
Apenas música,
por maioria roque triste.
Date:
Encontro com caminho de flerte
e finalidade de beijos
Tristezinha:
Decepcionada e brava
HOMEM:
Asqueroso, coisa ruim, fuja.
Bequinho:
Apelido masculino de Rebeca só que no diminutivo e enrolado na seda c/ piteira.
Ex:
Ex-namorada!
Revisão: Marconha
Nunca foi tão prazeroso usar moletom no Rio de Janeiro, lembro que de início cheguei emburrada pelos problemas que trazia na mala, mas tirando isso, eu finalmente me encontrei com a Scarlet Johansson no filme Her, o menino lá que morava no meu celular. Um lado meu desejava muito que fosse só um saudosismo metalinguístico com o filme de cores tão bonitas... e no final não queria chorar de novo.
Não há motivo pra enrolação, sou réu confesso, me encontro perdidamente apaixonada por um menino que mora em Niterói, simplesmente não estou me cabendo, o tempo parece passar devagar, fugir parece fácil e a saída difícil, o triste é que estou melhor dessa maneira.
Antes de tudo, comecemos com a retomada de uma célebre tarde de maio, a vez que fui pro Rio ver a Badbadnotgood tocar e cheguei antes de todos meus amigos. Eu estava morrendo de tédio, minha irmã ficou de me receber, mas vivia ocupada, então decidi baixar o Tinder pra conseguir um corre. Não foi eficiente, não sai com ninguém, meus amigos chegaram com lindas flores da primavera antes de qualquer mísero sinal de boldinho, mas aí, no último deslize, apareceu no cardápio do aplicativo uma carinha de nojinho e na hora que o vi já palpitava inconformada com a possibilidade do flerte.
Eu dei um like nervosa e um tempinho depois o match veio com tudo. Após tal correspondência eu investi com tamanha leveza que o garoto, chamado João Vicente, quase foi no show comigo, mas infelizmente não nos encontramos naqueles dias de outono. Algo em mim queria tanto ter encontrado com aquele anjo de Niterói que ao mostrar a foto no zapi do dito cujo, no escritório de migas pós-viagem, fiquei tão esbaforida que cliquei no botão de ligar ao relatar a obsessão.
Para disfarçar qualquer coisa que a ligação tivesse sugerido, fiz a sonsa e continuei o vestígio de conversa recomendando mais Jazz cabelo sujo e berma. O setlist compartilhado aqui fez tudo, as mensagens se tornaram frequentes, não pensa em nada romântico, só roque; Quando percebi, além das notificações do garoto, a vontade de olhar e julgar pessoalmente quem era João Vicente me relembravam constantemente a antiga necessidade do encontro.
Não deu outra, marquei de visitar minha irmã nas férias do meio do ano da faculdade. A vontade era tão grande de ver com meus próprios olhos que o date postergado em maio foi logo no dia que cheguei. Combinamos que seria no posto dois de Copacabana, mesmo de noite, um ponto estratégico: Caso fosse preciso era só andar um pouco para ir embora e se forçar a esquecer que João Vicente me era muito atraente.
Finalmente! Um pouco desajeitado e estranho os primeiros 20 minutos de conversa, mas eu já contava com isso. Tínhamos intimidade, mas também por muito tempo foi um convívio virtual e perfeito - Talvez virtual seja sinônimo de perfeito. Depois dos 20' o dono do quiosque próximo chegou para falar com a gente perguntando se éramos brasileiros, fez foi logo afirmar que após ele ir embora da praia ficar naquele local não era seguro e pediu para irmos o quanto antes para outro lugar. Ai né abri a mala, eu não queria nem mais andar na rua, na moral que estar emburrada na verdade era tristezinha disfarça pela recente descoberta que eu era “A outra” em meu habitat natural; Claro que após essa sequência de acontecimentos pra minha paranoia era certo que do meu lado tinha um carioca metido, chato e HOMEM.
Apesar do drama, a outra parte de mim (até o momento negligenciada) esperou tanto que eu quis continuar, fomos para a praia de Botafogo dar uma segunda chance ao date. Naquele instante a malícia também queria, queria d+, que ele fosse um idiota, me rendesse alguns beijos, algumas transas e depois passasse... Entretanto... Porém ... Contudo... Apesar de... A noite estava linda, dia de lua cheia... Na Baía de Guanabara, Pão de Açúcar, bondinho, bequinho e barquinhos na altura da vista...
Eu não sei exatamente quando foi, mas antes de voltar pra casa tive o desejo que João Vicente era pra ser presente na minha vida, no cotidiano. Logo eu que não botava fé nem que teria segundo encontro, muito menos imaginava uma maratona de 10 dias de romance. Foi certeiro, a gente em cima de um morro em Niterói com um pôr-do-sol tão Rio de Janeiro que o sentimento bateu forte e eu escutei um: “tá ai um bom motivo pra você vir no rio” que não tinha como discordar, eu boba ainda balancei a cabeça confirmando; Mas foi por ai, pelos meios das chuvas diárias do inverno carioca que usei moletom com chileno e dei a mão com gosto.
Pro fim, prometi não chorar lá no início disso, mas acho é que o incômodo é mais pelas boas emoções do que a realidade do romance à distância. Por coincidência nos despedimos no mesmo dia, voltei pro meu cerrado e Joãozinho esta na França agora, aproveitando o verão de uma viagem anteriormente programada por vontade de tentar uma última vez reatar com a ex, e quando voltar ainda vai continuar longe, mas ao menos sem diferença de fuso horário.