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Stephanie Melo

A JANGADA

Stephanie é mestranda em 

Direito Internacional.

Nasceu em Salvador, cresceu em Fortaleza

e atualmente mora em Lisboa.

Teve contato com a arte desde pequena, sua mãe é artista plástica e sempre a incentivou a se expressar

por meio da arte. 

Feminista, apaixonada por jazz, barcos, pela cor azul, mapas,

e um tanto de coisas mais. 

Os poemas que enviou (para a convocatória fissura) foram os primeiros que fez em sua vida, e vem se dedicando cada dia mais a essa coisa linda que é se expressar

por meio das palavras.

 

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Um dia eu resolvi comprar uma jangada 

Ela não me parecia perfeita, cheguei a me perguntar se era furada 

Mas é que era meu sonho pescar e fazer proveito dela, a tornando casa. 

No fim, resolvi compra-la, a guardava a beira mar, junto com os pescadores 

Às vezes até parava pra perguntar a história de seus outros amores 

Eu ia vê-la todo dia, a reconstruí 

Cuidei, deixei parecendo mesmo minha 

Aí chegou fevereiro, tempo de chuva no Ceará 

Não pude deixar de pensar na jangada, se a tinta que eu passara ia desbotar 

Chegou março e a chuva só piorava 

Quando percebi já estava cheia de furos, parecia que já não valia nada 

Tentei consertar, tentei refazer 

Coloquei uma lona, tudo em baixo de chuva, 

Podia ser que ela se erguesse, voltasse a ser casa 

Quem sabe assim a gente não ia pescar no mar, com todas suas curvas 

Nada parecia funcionar, ela já estava deteriorada, 

Provavelmente já não embarcava em alto mar 

Chegou maio, a chuva não passara 

Fiquei pensando até quando essa jangada durava... 

Um dia fui vê-la, conferir se ela estava bem 

Pra minha surpresa o mar a tinha levado, e a mim também.

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